CD e banca de jornal: uma combinação que rende!

Um dos maiores custos na produção de um CD é sua distribuição física e, de distribuição, as grandes gravadoras (que, por sua vez, são ou associam-se a grandes distribuidoras) entendem. Quando um artista que assina com uma major faz sucesso e torna-se popular, você esbarra com o CD original dele em qualquer esquina – o CD pirata, então… Encontrar o novo trabalho desse artista e levar para casa é tão fácil quanto comprar uma Coca-Cola, só não é tão barato quanto o refrigerante. Já o artista independente, se não quer contar apenas com a Internet para espalhar sua música por aí, precisa pensar em alternativas: ou começa a construir uma rede de revendas de seu trabalho ou faz uso de uma rede de distribuição (não necessariamente de CD) já estabelecida.

O multi-artista Prince, que dispensa apresentações, também pensa assim e vem adotando, com sucesso, a segunda opção. Em 2007, os ingleses que compraram o Daily Mail ganharam o último CD do músico, Planet Earth, que vinha encartado no jornal. Em 2010, Prince repetirá a experiência no próximo dia 10/07 e presenteará os leitores do mesmo jornal com seu novo trabalho, 20Ten. De acordo com essa nota do portal Yahoo!, o CD será anexado também aos jornais Daily Record, da Escócia, e Het Nieuwsblad, da Bélgica, além da edição alemã da revista Rolling Stone.

É impossível falar da nova experiência de distribuição de Prince sem lembrar da empreitada de sucesso de Lobão às vésperas da virada do século. Renegado pela grande mídia por usa briga pela numeração de CDs, ele lançou A vida é doce em 1999 de forma independente eo distribuiu através de bancas de jornal em inúmeras cidades do país. A experiência do “renegado da grande mídia” deu certo – sem qualquer divulgação das rádios ou da TV, A vida é doce vendeu 100 mil cópias na mais negra época da guerra das gravadoras contra a pirataria e a distribuição digital de músicas, quando as majors suavam litros para que seus artistas vendessem essa quantidade de unidades.  Ele fundou a gravadora Universo Paralelo para lançar seus próprios trabalhos a partir de então – idéia que resultou na revista musical OUTRACOISA, o “veículo” desta gravadora, que trazia o CD de um novo artista a cada edição que chegava às bancas. Os primeiros CDs de BNegão e Cachorro Grande, entre outros, chegaram até os fãs pegando uma carona nas páginas dessa “outra coisa”.

Experiências como as de Lobão e Prince mostram que é válida a idéia de “pegar carona” nas já estabelecidas de distribuição para que seus CDs cheguem até seu público-alvo. No caso dos exemplos citados aqui, os periódicos (jornais, revistas, etc.) possuem diversas redes bem estruturadas de distribuição. Vamos dizer que o seu som ou o de sua banda seja mais urbano, seu público encontra-se nas grandes metrópoles e não vale a pena apresentá-lo ao público das cidades do interior. Se você definir quais jornais de cada cidade-chave para seu trabalho ou revistas de circulação nacional seus ouvintes em potencial lêem, a rede de distribuição está inteirinha pronta! Basta agora conseguir dar o passo mais importante e difícil dessa alternativa: fechar um acordo com cada uma dessas publicações para que eles coloquem sua bolacha prateada entre suas páginas no próximo mês…

Perceba que não estou, neste artigo, entrando em questões como o custo de produção e prensagem do CD – isso é outro papo, que pode ser abordado em textos futuros. O que quero levantar aqui é apenas a possibilidade de gravadoras independentes usarem estruturas de distribuição de outros tipos de produto para fazerem seus CDs chegarem até o maior número possível de pessoas de forma mais eficiente e barata do que bancando tudo do próprio bolso. Prince e Lobão fizeram isso.

Já pensou se cada pessoa que comprasse uma Coca-Cola de um litro e pagasse um acréscimo de, digamos, cinco reais, levasse um CD de sua banda? Haja numeração…

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