Greg Lake em 11 músicas

Ao fazer parte de duas das mais importantes bandas de rock progressivo da história do gênero, Greg Lake escreveu seu nome em um lugar de honra na história do rock em geral. O baixista e vocalista morreu no dia 8 de dezembro (cerca de nove meses após seu companheiro de banda, o tecladista Keith Emerson), aos 69 anos, vítima de um câncer que o assolava há tempos.

Nascido na Inglaterra, Greg começou sua carreira musical nos anos 60, participando de bandas que faziam covers de grandes artistas da época até ingressar como guitarrista e vocalista do grupo The Shame, que emplacou o sucesso Don’t Go Away Little Girl.

 

Foi nessa década que ele conheceu o guitarrista Robert Fripp que, mais tarde, fundaria o King Crimson, considerada a primeira banda de rock progressivo da história, e chamaria Lake para assumir o baixo e o microfone. O primeiro álbum da banda, In the Court of Crimson King, viraria um clássico do estilo trazendo hinos do progressivo como 21st Century Schizoid Man.

 

A turnê do primeiro álbum do King Crimson contou com a banda americana Nice para abrir os shows – durante as viagens, Greg tornou-se muito amigo do tecladista do Nice, Keith Emerson. Ao final da tour, dos dois saíram de suas respectivas bandas para formar um power trio com o baterista Carl Palmer, que fazia parte de dois grupos na época: The Crazy World of Arthur Brown e Atomic Rooster. Nascia assim o supergrupo Emerson, Lake & Palmer, cujo primeiro álbum chegou ao sucesso com a baladinha Lucky Man.

 

Tirando raros momentos em que aparecia um dedilhado ou outro de violão ou guitarra, o ELP se destacou pela ausência de guitarras em suas músicas, sendo substituídas por um teclado virtuoso acompanhado de um baixo e bateria igualmente complexos. A musicalidade exótica de Greg Lake se destaca em músicas como a faixa-título do álbum Tarkus.

 

Ao contrário de outros cantores dos anos 60 e 70, Greg Lake não “se esgoelava” para cantar, muito menos fazia “malabarismos vocais”- pelo contrário: sua voz era elegante, serena, melódica e, ao mesmo tempo, muito marcante e presente. Um verdadeiro gentleman no palco, mesmo nos raros momentos em que exaltava como na ópera-rock Pictures at the Exibition.

 

Outro ponto alto da carreira do ELP foi o álbum Brain Salad Surgery que, entre outras coisas, nos apresentou a incrível Karn Evil 9, com uma frase que viraria marca registrada da banda: “Welcome Back My Friends, to the Show That Never Ends.”

 

Durante seu tempo no trio, Greg compôs a natalina I Believe in Father Christmas, que gravou em um EP solo.

https://www.youtube.com/watch?v=RXCEdrnaFlY

 

O ELP se separou nos anos 80, mas em 1983, Lake fez parte do Asia por um curto período de tempo, ao lado do baterista Carl Palmer. Greg não chegou a gravar discos com o grupo, mas substituiu o baixista e vocalista da banda, John Welton, na turnê do álbum Alpha.

 

Nos anos 90, o ELP se reúne novamente para gravar mais um álbum e sair em turnê pelo mundo. In the Hot Seat traz uma sonoridade mais pop que aquela que estávamos acostumados nos anos 70, mas a voz de Greg Lake continua elegante, apesar de bem diferente do que era.

https://www.youtube.com/watch?v=zE7NdWIKTkY

 

Entre sua carreira solo e a volta do Emerson, Lake & Palmer, que tocaria esporadicamente por aí, Greg fez parte de vários projetos de outros músicos – entre eles, ele foi o baixista da All Starr Band de Ringo Starr, no início dos anos 2000.

 

Em 2010, Lake e Keith Emerson se reuniriam uma última vez para fazer um show de piano e violão tocando seus grandes sucessos do ELP como a belíssima From the Begining.

 

A partida de Greg Lake deixa uma lacuna no rock que demorará para ser preenchida, uma vez que ele era um artista que não se reinventava como Bowie ou agredia como Lemmy. Seu baixo e sua voz eram naturalmente hipnotizantes, elegantes e envolventes, como se contassem uma história além das letras que cantava e isso não é algo que se constrói (pelo menos, não com facilidade). Enquanto muitos gritam para se fazer ouvir, Lake apenas falava e, quando isso acontecia, todos se calavam para ouvir. Do início ao fim.