Maiden Heaven Volume 2

No mês em que comemora 35 anos de atividade, a revista Kerrang! Presenteia os leitores fãs de heavy metal com um segundo volume do bem sucedido Maiden Heaven, tributo ao Iron Maiden que conta com grandes astros do estilo da atualidade.

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O primeiro volume contou com nomes como Metallica, Avenged Sevenfold, Coheed and Cambria e Dream Theater entre outros. A segunda edição mantém a tradição de misturar artistas de renome internacional com aqueles que somente os que acompanham a cena atual vão reconhecer. O álbum começa com a gravação do Stone Sour para Running Free – para quem já ouviu os EPs de cover de Burbank que eles lançaram em 2015, não é novidade, mas a presença de Speed Of Light, música do novo álbum do Iron, interpretada pelo Reigning Days, é, demonstrando que The Book Of Souls caiu mesmo no gosto do público em geral.

Uma das músicas mais queridas do Iron Maiden, Hallowed Be Thy Name, caiu nas mãos do Escape The Fate, que não fez feio no instrumental, mesmo com a fraca voz de Craig Mabbitt cheia de auto-tune. Igualmente ruim é a versão de Fear of the Dark do Lonely The Brave, que, com exceção da introdução com clima de “Senhor dos Anéis”, parece uma banda de punk ruim, com um vocalista sonolento, tentando tocar heavy. Até mesmo o Trivium, uma das maiores apostas desse segundo volume, não emplacou com sua versão folk medieval de voz e violão de For The Greater Good Of God.

Steven Battelle é o ousado que deu certo da vez ao transformar completamente a música The Red And The Black em um folk medieval irlandês com guitarras no refrão, transformando-se em um excelente heavy metal tradicional no final (mais uma música do último álbum do Iron, mostrando que o segundo volume está mais conectado à fase mais atual da banda homenageada – o que é ótimo, pois já são incontáveis as bandas que “coverizaram” seus clássicos). O Creeper tentou ousadia parecida ao transformar The Evil That Men Do em uma canção de piano e voz ao estilo Bryan Adams, mas não foi feliz. O Lower Than Atlantis assassinou The Number Of The Beast com sua mistura de rock alternativo quase pop e vocal gritado – bem oposto ao estilo brutal e gutural do Anaal Nathrakh, que transformou Powerslave em um death metal matador, excelente para os amantes dessa vertente do rock pesado.

A coisa começa a melhorar de novo com o Cry Venom injetando uma energia louca no álbum com sua versão de Aces High, dando vontade de sair correndo por aí na velocidade da bateria enquanto estoura o pulmão cantando o refrão – nem o teclado que duela com a guitarra na hora do solo estraga. O Fozzy continua elevando o nível com sua versão honesta de Sun And Steel, uma música bem “lado B” do clássico Piece of Mind, mas a versão “indie” das Muncie Girls para The Wicker Man coloca tudo a perder novamente.

https://www.youtube.com/watch?v=mC4T7AdtRRw

O fim da coletânea investe em outros clássicos reconstruídos, como a versão de Heck para uma The Trooper, hora sonolenta e cheia de cacofonias, hora apenas barulhenta e cheia de gritaria – decepcionante, principalmente em se tratando de uma música que foi tão bem executada no primeiro volume. A Remember Tomorrow do Uncle Acid & The Deadbeats parece que foi gravada por um player de cassete dentro do quarto do baterista. A intenção era fazer um clima de filme de terror mas, no final, parece trilha sonora de filme de Tim Burton. Para terminar, o Anathema começa Wasted Years com um dedilhado de violão, transformando-a em mais uma balada melancólica.

O saldo geral é ruim: o segundo volume do tributo ao Iron Maiden traz algumas boas surpresas (entre elas, algumas reformulações que deram certo), mas elas não compensam a maior parte de experiências mal sucedidas de bandas que tentaram reinventar clássicos da banda levando-os para outras direções que não combinam. Em vez de uma sincera homenagem, como foi vista no primeiro volume, o que testemunhamos foi o oportunismo de alguns grupos em tentar criar músicas suas em cima de composições de um nome já consolidado como o Iron Maiden. Uma vergonha.

(vários)
Maiden Heaven Volume 2
Selo/ gravadora: Kerrang!
Nota: 3