“No Plan” aumenta ainda mais a saudade de David Bowie

No dia em que David Bowie faria 70 anos, a Columbia Records lançou o EP No Plan que traz, além da faixa Lazarus (lançada no fantástico álbum Blackstar), três músicas inéditas que sobraram de seu último trabalho, mas estão presentes no espetáculo Lazarus Musical, inspirado na obra do eterno camaleão.

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Se Blackstar foi uma dolorosa despedida de Bowie, No Plan pode ser entendido como um maldito momento melancólico, daqueles que você sente ao revirar os pertences da pessoa que tanto significou para sua vida, um ano após sua morte. Ouvir Lazarus novamente te põe pra baixo, principalmente seguida da faixa título, com sua melodia que navega entre o gótico e o pop oitentista – como se encontrássemos o terno que caia tão bem nele durante a época de Modern Love.

Em Killing a Little Time, sentimos a mesma raiva que ele sentiu na segunda metade dos anos 90, em álbuns como Outside ou Earthling, só que a direcionamos ao próprio Bowie por ele ter nos deixado (Desgraçado! Como pôde?). Por fim, nos conformamos novamente com o que aconteceu quando chega a edificante When I Met You, enquanto revemos aquelas mesmas fotos famosas de sempre: Ziggy, Aladin Zane, a fase alemã de Heroes e Low

No Plan nos causa de novo, sem querer, algumas fases de luto pela perda de David, que completa um ano hoje. Dói sim, mas é uma dor saudável, que nos faz relembrar sua obra (como se fosse possível esquecer) e valorizá-la cada vez mais e mais, nos dando a sensação de que, enquanto fãs, temos o dever de continuar mostrando esses fantásticos trabalhos, os antigos e os atuais, às novas gerações que nascerão e crescerão sob a influência cultural desse artista sem, possivelmente, nem saber quem ele foi, como todo alienígena que nos traz uma boa mensagem e vai embora sem olhar para as boas consequências que deixou para trás…

David Bowie
No Plan (EP)
Gravadora/ selo: Columbia Records
2017
Nota: 8