O que é Rock n’ Roll pra você?

Me acompanha nesse pensamento: de acordo com o que foi convencionado, em 13 de julho comemoramos o Dia do Rock porque nessa data, em 1985, aconteceu o festival Live Aid onde vários astros do estilo tocaram em palcos simultâneos, espalhados pelo mundo, com o intuito de arrecadar fundos em prol dos famintos na Etiópia.

Ouça o Máquina do Tempo #093: Live Aid

Acontece que o estilo musical que amamos não tem certidão de nascimento para termos uma data exata de seu real nascimento. Sabemos que ele veio chegando por volta dos anos 50 já metendo o pé na porta, resultado de um cruzamento de vários outros estilos “mal vistos” na época pelos belos, recatados e do lar, como o blues, o jazz, o country/ bluegrass e outros. Para facilitar a nossa conta, digamos que ele surgiu em 1950, de modo que, hoje, ele completa 66 anos.

https://www.youtube.com/watch?v=cwyzMw3kImI

De lá pra cá, o rock já foi de tudo: ingênuo, selvagem, diabólico, comportado, comercial, contracultura, lírico, verborrágico, musicalmente tosco, musicalmente primoroso, machista, feminista, andrógeno, espacial, político, festeiro, psicodélico, consistente, consciente, alienado, radiofônico, alternativo… Tudo isso e muito mais ao longo das últimas décadas que testemunharam mais mudanças na história da humanidade do que em todo o restante da aventura de nossa raça pelo planeta. E o Rock se transformou com cada uma delas, seja evoluindo ou se subdividindo em centenas de vertentes.

De Chuck Berry a Slipknot, muita coisa aconteceu dentro e fora do rock.
De Chuck Berry a Slipknot, muita coisa aconteceu dentro e fora do rock.

Fica então a pergunta: o que é o Rock para você? Fiz esse questionamento no Google e me deparei com fóruns de música em geral com tópicos que levantam a mesma dúvida e tudo que encontrei foram respostas miojo (já estão prontas, basta colocar na água fervente por três minutos e servir ao cérebro) como “Rock é vida”, “é um estilo de vida”, “rock é tudo”, “só quem tem rock no coração vai saber, não dá pra explicar…”

É claro que, quando adolescente, eu já dei essas respostas prontas pela pura preguiça de pensar a respeito (como quase todo adolescente da minha época, eu tinha preguiça de pensar sobre qualquer coisa e ponto). O fato é que, até hoje, com 41 anos feitos e cerca de 30 dedicados ao rock, eu mesmo ainda não consigo responder a essa pergunta. O rock impulsionou diversos acontecimentos, decisões e projetos que mudaram minha vida para melhor, de forma que devo muito a ele, mas não posso (não consigo) deixar de ter a visão puramente analítica e desprovida de sentimentalismos de que ele é um estilo musical, uma forma de arte e, como qualquer arte, é um veículo para mensagens diversas, tanto certas quanto erradas, provocando os mais diversos sentimentos – a música, assim como o papel, aceita qualquer coisa que você escrever/ compor (se tem qualidade ou não, são outros quinhentos).

Na adolescência, eu não sabia pensar para explicar o que o rock significa para mim – quem, nessa idade, sabe?
Na adolescência, eu não sabia pensar para explicar o que o rock significa para mim – quem, nessa idade, sabe?

É preciso ter muito cuidado para filosofar sobre o significado do rock para o seu coração. Hoje, eu diria que o rock para mim é uma grande paixão, uma forma de expressão da qual eu me identifico imediatamente, me conforta e me confronta, me fazendo refletir a cada banda nova que eu conheço, a cada vertente do estilo que surge. Sua constante mutação / evolução me faz sair do lugar, me faz sair da letargia e me faz acordar para o que há ao redor e isso me faz bem. Serei eternamente grato a essa sensação de despertar que somente as guitarras distorcidas me são capazes de dar.

Em Alice no País das Maravilhas, a Lagarta sobre o Cogumelo questiona a nossa heroína “quem é você?” – não seu nome (Alice), o que ela é (uma garota) ou em que situação estava (uma garota perdida), mas Quem É Você? Uma pergunta simples, possivelmente sem resposta. Faço aqui, então, o papel da lagarta e te faço essa pergunta: O QUE É O ROCK PARA VOCÊ? Sem essas respostinhas babacas de comentários de redes sociais de “rock é vida” ou “tem que sentir pra saber”. Quero que você pense a respeito e leve o tempo que precisar. Dias, semanas se for o caso. Martele essa pergunta em sua mente. Deixe seu coração participar do debate, mas não deixe que ele te guie e traga para cá a resposta mais honesta que existe e, ao mesmo tempo, mais difícil de se obter – aquela que é honesta consigo mesmo. Se você, em alguma instância, conseguir responder a essa pergunta com os parâmetros que apresento aqui, então, talvez, você ame de verdade esse estilo tão multifacetado de música/ arte.