Soul Asylum: Change of Fortune

Pode parecer estranho para os brasileiros, mas a banda que, por aqui, virou “one hit” com a balada Runaway Train em 1992, continuou produzindo bons álbuns e sempre fez um considerável sucesso lá fora. Tudo bem que eles estavam parados desde 2012, por isso que Change of Fortune é esperado pelos fãs.

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A espera valeu muito a pena, não só para quem acompanha os passos do quarteto de Mineapolis, como também para os que apreciam o som alternativo dos anos 90. O novo trabalho do Soul Asylum consegue realizar uma deliciosa contradição: seu som consegue se manter bastante atual, apesar de suas músicas soarem como se tivessem saído dos bares americanos de rock da década do grunge. Nada de elementos eletrônicos, efeitos no vocal, misturas com qualquer outro estilo, nada disso! É a boa e velha fórmula de guitarra, baixo e bateria (às vezes acompanhadas de um conjunto de cordas como em Ladies Man ou um teclado na faixa-título) com o vocal às vezes gritado, às vezes mais melódico, mas sem perder a pegada rock, de Dave Pirner, mostrando que ainda dá certo.

Dave Pirner ao lado de seus novos colegas de banda: um Soul Asylum reformado e divertido.
Dave Pirner ao lado de seus novos colegas de banda: um Soul Asylum reformado e divertido.

Falando em Pirner, vale dizer que ele é o único membro original ainda atuante na banda, o que faz com que o Soul Asylum, a partir desse ponto, seja mais um projeto solo dele do que uma banda onde todos têm voz igual. Ao lado do baterista Michael Bland, do guitarrista Justin Sharbono e do baixista Winston Roye, Dave experimentou de tudo em Change of Fortune, mesclando com essa aura “noventista” que nunca perdeu. O primeiro single do álbum, Supersonic, é praticamente uma daquelas canções de melodia bonitinha com andamento mais rápido e refrão “chiclete”, daqueles que você canta alto pulando no colchão da sua cama enquanto a escutaria nos créditos de qualquer comédia “Sessão da Tarde”, vendo o mocinho e a mocinha, afinal, ficam juntos.

O “groove gritado” da segunda faixa, Can’t Help It, mostra que as experiências feitas durante esse tempo de “reciclagem” da banda foram intensas. A partir daí o álbum se torna mais esquizofrênico, trazendo elementos de punk rock como em Make It Real, algo mais experimental e melancólico em Dealing e a viajante Cool, entre outras brincadeiras. Musicalmente, Dave e seus companheiros atiraram para todos os lados e, mesmo que não tenham acertado naquilo em que miravam, suas balas certamente atingiram outros pontos que se tornaram bons troféus em suas paredes.

Change of Fortune não tem a força necessária para tornar-se um dos álbuns mais incríveis do ano, mas é muito divertido, dançante e variado. Vale a pena ser conferido por todos aqueles que curtem ou têm saudade daquele rock despojado dos anos 90.

 

Soul Asylum
Change of Fortune
Gravadora / selo: Entertainment One
Nota: 6,5