Um passeio pela carreira de Júpiter Maçã

Flávio Basso, conhecido pelos roqueiros brasileiros (em especial, os gaúchos) como Júpiter Maçã ou Jupiter Apple, faleceu ontem, dia 21 de dezembro de 2015, em Porto Alegre. De acordo com o G1, aos 47 anos, Basso havia batido a cabeça após cair no banheiro e chegou a ser hospitalizado, mas não resistiu. Morreu de Falência múltipla dos órgãos.

Tenho um amigo que costuma dizer que o Sul do país é a nossa Londres, onde muita coisa criativa e ousada em termo de rock no Brasil é feita – a diferença, no entanto, é que são poucos os artistas que saem do cenário regional underground para conquistar o resto desta Ilha de Vera Cruz. Júpiter foi um desses artistas, seja em suas passagens pelas já lendárias bandas TNT e Cascaveletes ou em sua carreira solo.

O primeiro registro que lembro de (ainda) Flávio Basso é na coletânea Rock Grande do Sul, lançada em 1985 pela gravadora RCA (atual Sony Music). Essa coletânea apresentaria para o resto do país diversas bandas dos “pampas” como a TNT, com a música Entra Nessa – composição de Flávio com Charles Master. O mesmo disco trouxe também faixas de bandas que se consolidariam mais tarde, como Engenheiros do Hawaii, Replicantes e DeFalla.

 

Em 1986, Basso iria tocar baixo e cantar na banda Os Cascaveletes, gravando e lançando algumas demos e os dois primeiros discos do grupo, o auto-intitulado de 1988 e o segundo, Rock’a’ula, de 1989.

 

Flávio volta aos holofotes do rock brasileiro em 1997, agora com a alcunha de Júpiter Maçã e lançando o álbum A Sétima Efervescência. Ao contrário do rock and roll básico que fazia no TNT ou nos Cascaveletes, o disco traz uma veia psicodélica claramente inspirada nos primeiros trabalhos do Pink Floyd, mas sem perder o tom irreverente nas letras. O primeiro sucesso, Um Lugar do Caralho, é exemplo disso.

https://www.youtube.com/watch?v=JXpSnv-VtTk

 

Mudando o nome para Jupter Apple, Basso se volta para o mercado internacional misturando rock, psicodelia, bossa nova e jazz cantando em inglês no álbum Plastic Soda, de 1999, elogiado por nomes como Mutantes, Caetano Veloso e Sean Lennon.

 

Em Hisscivilization, de 2002, o ainda Jupter Apple adicionou elementos eletrônicos na sua mistura experimental, fazendo alguns fãs torcerem o nariz, mas hoje o álbum é visto como “vanguardista”.

 

Para o Apple voltar a ser Maçã, Júpiter ficou cerca de cinco anos em estúdio, resultando no álbum Uma Tarde na Fruteira, que foi lançado primeiro na Espanha (com o nome americano de Jupter Apple) em 2007 e, no Brasil, em 2008. Este álbum representa o “ponto de amadurecimento” do artista, que continua misturando rock, irreverência e psicodelia.

 

Em 2011, seu primeiro DVD ao vivo apresentaria a banda J.A.C.K. (Jupiter Apple Corporation and Kingdom), porém, em 2012, Júpiter sofreria um acidente de deixaria sua carreira em pausa por um tempo ao cair do segundo andar do prédio onde morava, em Porto Alegre. Depois do ocorrido, os fãs ficam sem notícias do artista por dois anos até que, em 2014, o DVD ao vivo Six Colours Frenesi é lançado.

 

Júpiter Maçã continuava na ativa e ia realizar uma apresentação acústica em breve quando a fatalidade aconteceu. Se você não conhece a carreira desta que é uma das maiores lendas do rock gaúcho, taí um bom guia para dar os seus primeiros passos. Agora abra sua mente e mergulhe neste planeta louco que é a mente (ternamente viva) de Júpiter Maçã.