Winery Dogs em São Paulo

O Tropical Butantã, com capacidade para 2500 pessoas, testou seus limites no último dia 18 de maio. Os fãs dos Winery Dogs lotaram a casa para assistirem ao show deles em São Paulo, parte da turnê Double Down World Tour 2015 2016. O guitarrista/ vocalista Ritchie Kotzen, o baixista Billy Sheehan e o baterista Mike Portnoy já são famosos e idolatrados desde seus trabalhos anteriores, mesmo assim, foi uma grata surpresa ver tantas pessoas fãs do “super trio” que só tem dois álbuns lançados até o momento.

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Quem soube aproveitar a popularidade da atração principal foi S.O.T.O. A nova banda do cantor Jeff Scott Soto, que conta com BJ (guitarra e teclados), Edu Cominato (bateria), Jorge Salan (guitarra) e David Z (baixo) entrou no palco às 20h para abrir a noite apresentando músicas de seus dois álbuns, Inside the Vertigo, e o recente Divak. O som ficou um pouco prejudicado, mas isso não atrapalhou o grupo de mostrar seu talento. Canções como Suckerpunch, Fall From Grace e Break, entre outras, provaram que tem tudo para tornar-se uma das novas queridinhas dos amantes do gênero, pois funcionam muito bem ao vivo, empolgando até mesmo quem não as conhecia com um punch moderno. Mesmo que a voz de Jeff vá se perdendo ao longo da apresentação, sua simpatia com o público e experiência de cerca de 40 anos nos palcos fizeram o show valer muito a pena, ao lado de músicos muito competentes e um repertório cativante. As músicas próprias são ótimas e as covers que permearam o final da apresentação serviram para matar a saudade do repertório antigo do cantor, como os antigos sucessos do Talisman, Tears in the Sky e I’ll Be Waiting, a dobradinha I Am a Viking / I’ll See the Light Tonight, de Yngwie Malmsteen, e algumas referências a Journey, Queen, Kiss e Steel Dragon, entre outras.

Depois da boa surpresa, chegou a vez de soltarem os cachorros! Ao som de Atomic Dog, de George Clinton, os três músicos entram no palco e, sem piedade, explodem tudo ao som de Oblivion, música que abre o mais novo álbum da banda, Hot Streak. Sem dar descanso, eles emendam com Captain Love e We Are One para, só então, darem “boa noite” ao público. A essa altura, a plateia já sabe que a noite será excelente!

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Ao tocarem a música que dá título ao segundo álbum, cheia de swing e “quebradas”, os Winery Dogs já demostraram que o talento da banda vai além da habilidade de cada um com seus instrumentos: a química entre eles é única e o repertório é muito divertido e empolgante, não apenas para o público, mas também para Kotzen, Sheehan e Portnoy (este, por acaso, está visivelmente mais “solto” e entusiasmado atrás da bateria do que na época de sua antiga banda, o Dream Theater). Billy e Mike se divertem horrores realizando piruetas com seus instrumentos, fazendo caras e bocas e chamando o público para cantar junto e pular enquanto Richie, mais contido nesse início de show, se concentra mais em tocar e cantar e solar sua guitarra. “Sem sacanagem: São Paulo é uma das minhas plateias favoritas de todos os tempos”, declara Mike ao público.

O show segue até o momento “unplugged”, em que Ritchie canta sozinho no palco, acompanhado apenas de seu violão, as baladinhas You Can’t Save Me (música de sua carreira solo) e Fire. O clima light, mas sem deixar de ser animado, continua quando Kotzen troca a guitarra pelo teclado em Think it Over, seguida de um louco solo de bateria de Mike, que chega a sair de trás do instrumento e começa a (literalmente) passear pelo palco batucando no chão e nos microfones sem perder a empolgação, levando a plateia à loucura!

Depois de The Other Side, é a vez de Billy Sheehan mostrar o que sabe com um solo de baixo monstruoso. Sua segurança no palco é um show à parte: tanto no momento de seu solo quanto em todo o espetáculo, você percebe como ele “dá chão” para seus companheiros de banda em todas as músicas com marcações poderosas e linhas de base complexas, recheadas de arpejos e escalas que fazem inveja a muitos guitarristas por aí.

Ghost Town, a bela I’m No Angel e a empolgante Elevate, todas cheias de improvisos, encerram a primeira parte da apresentação. Em poucos minutos, o trio volta ao palco para a segunda balada com teclado, Regret, e encerra a noite com a absurdamente fantástica versão de Desire, cheia de improvisos e surpresas musicais que encerra a noite com chave de ouro!

Um show divertido, excelente, com grandes músicas e uma banda que visivelmente gosta do que está fazendo no palco. Essas são características essenciais para uma apresentação de rock – mais do que “exibição de técnica instrumental/ musical” (que também teve de sobra). É por isso que Richie Kotzen, Billy Sheehan e Mike Portnoy são considerados cães de raça da mais pura estirpe do rock!