Nada menos que grandioso: esse é o melhor adjetivo que posso encontrar para The Final Frontier, do Iron Maiden. O 15º álbum do sexteto de heavy metal mais querido do mundo é audacioso, criativo e mostra que a banda continua com gana de evoluir sempre, mesmo depois de 30 anos de estrada oferecendo fielmente o mesmo estilão de rock pesado sempre – para alegria dos fãs.
À medida que a banda liberava prévias do novo trabalho pela Internet, minha preocupação aumentava por conta da má receptividade dos fãs a ele: primeiro foi a capa, desenhada pelo artista gráfico Melvin Grant (o mesmo de capas como Fear of the Dark e Virtual XI), que mostra um Eddie na forma de “alienígena zumbi”, tão modificado que ficou quase irreconhecível, fazendo com que todos torcessem o nariz. Em seguida, o grupo liberou para download gratuito a música Eldorado, que já estava sendo tocada nos shows antes do lançamento do CD. Talvez fosse por conta da má qualidade da renderização do arquivo oferecido, mas o fato é que ninguém se empolgou tanto com a nova canção – tudo apontava para que Final Frontier fosse um daqueles trabalhos da banda que ficaria encostado na prateleira para raramente ser tocado nos players dos metaleiros.
Ledo engano! As músicas de The Final Frontier podem lembrar um pouco composições de discos como Somewhere in Time e Seventh Son of a Seventh Son, mas não pense que é por causa dos temas futuristas que as três capas abordam. A lembrança é musical, através de arranjos um pouco mais complexos e músicas maiores que contam histórias épicas com aquele jeito dramático e empolgante de Bruce Dickinson de escrever e cantar suas próprias letras.
Se o Eddie alienígena está irreconhecível aos olhos dos fãs, as músicas da Dama de Ferro continuam fáceis de identificar logo no primeiro acorde, seja na pegada mais hard rock da faixa-título(que ganhou um clipe fantástico, com direito a um Eddie aterrorizante feito em computação gráfica), na levada marcada de El Dorado (verdade seja dita: a música melhora MUITO quando ouvida direto do CD) ou na empolgante e rápida The Alchemist.
http://www.youtube.com/watch?v=9uU_va2Jm1M&feature=related
O clima espacial termina na introdução Satellite 15… que dá um clima de “terror espacial” com batidas tribais e bumbos duplos e na música The Final Frontier, mas todos estavam muito inspirados para compor este disco que aborda temas diversos, de ganância às lendas Arthurianas, pois não são apenas as letras/histórias de Dickinson que dão o clima do CD. Não se vê uma combinação de talento, experiência e criatividade para compor as levadas e solos de cada música desde a volta de Bruce e Adrian Smith à banda em Brave New World. Ritmos quebrados e marcações que dão a deixa para um ou outro instrumento terem mais destaque na hora certa mostram que 30 anos tocando juntos não é pouca coisa.
Algumas “teorias da conspiração” até agora não comprovadas apontam que este pode ser o último trabalho do Iron Maiden – se for, será uma forma de encerrar a carreira no topo e, ao mesmo tempo, um desperdício de maturidade musical. Agora que o grupo levou 30 anos para atravessar a fronteira final, está mais do que na hora de levar todos nós, fãs, a mais viagens fantásticas audaciosamente indo aonde nenhum Eddie jamais esteve…