Você pode pensar que Paul McCartney não precisa mais lançar novas músicas – afinal, ele é um Beatle, autor ou co-autor de dezenas das canções mais tocadas e adoradas do mundo moderno. Tudo que ele precisa fazer é curtir os louros de seu merecido sucesso e, caso queira fazer algum show, basta tocar o repertório de sempre, certo?
Errado.
Se o nome de Paul McCartney é tão poderoso, isso se deve, entre outros fatores, ao fato de estar sempre procurando pelo novo, pelo atual, pelo que é interessante em termos musicais. Por isso que, para gravar seu novo álbum, New, ele fez questão de abrir sua mente para o que os jovens estão ouvindo atualmente e, principalmente, cercar-se de jovens e renomados produtores como Giles Martin (filho do lendário George Martin, produtor dos Beatles), Mark Ronson (Amy Winehouse), Ethan Johns (Kings of Leon e Kaiser Chefs, entre outros) e Paul Epworth (Adele, Florence and the Machine e Primal Scream entre, outros).
Uma nova experiência, com novos parceiros, explorando novos caminhos sem esquecer suas origens: é essa a primeira impressão que se tem quando ouve os primeiros acordes de Save Us, produzida por Epworth, com arranjos que poderiam muito bem terem sido gravados por uma banda iniciada no século 21, como Strokes ou Franz Ferdinand, por exemplo.
Essa experiência segue ao longo do álbum, trazendo sons experimentais como Queenie Eye, investidas no folk e na mistura do folk/ rock (outras tendências que vêm voltando com força total nos últimos tempos) como em Early Days e em Everybody Out There, atmosferas mais moderninhas com elementos eletrônicos misturados aos instrumentos convencionais, como em Looking At Her e Appreciate e até mesmo uma espécie de retorno às origens como na faixa título, totalmente a cara dos Beatles na época do Revolver ou do “Álbum Branco”, e I Can Bet, que parece ter saído de um disco dos Wings – e não seriam justamente essas fases da carreira de McCartney duas das grandes influências das atuais bandas indie?
New é, sim, um disco necessário. Mais do que uma saudável refrescada na carreira de sir Paul, é um retrato de que existe sim, qualidade musical no rock de hoje em dia. Um retrato tirado por quatro jovens, que apontaram sua câmera para um senhor de 71 anos que, por sua vez, tem uma saudável necessidade de ser sempre jovem. Para sempre, novo.
Paul McCartney
New
Gravadora/ selo: Hear Music
2013
- Save Us
- Alligator
- On My Way to Work
- Queenie Eye
- Early Days
- New
- Appreciate
- Everybody Out There
- Hosanna
- I Can Bet
- Looking at Her
- Road
- Fear (faixa escondida)