Em 2015 conheci muitos novos sons, o que me deu pouco espaço para ficar ouvindo um mesmo disco várias vezes, mas tiveram sim aqueles álbuns que me pegaram de um jeito que acabaram morando em meu aparelho de som por meses! Por algum motivo, seu som era tão empolgante que eu não consegui parar de ouvir por semanas, alternando sempre com outras descobertas que fazia ao longo do ano, e sempre voltava para eles – e foi esse critério que utilizei para selecionar aqueles que foram, para mim, os 10 melhores álbuns deste ano. Confira aí:
10º lugar:
Kadavar
Berlin
A banda alemã lançou seu terceiro álbum de estúdio trazendo uma pegada mais “hard rock anos 60/70” em seu som stoner rock, deixando tudo mais “palatável”. Não que os outros discos não fossem bons (eu adoro), mas Berlin mostra uma espécie de refinamento na musicalidade do trio que caiu muito bem aos meus ouvidos.
9º lugar:
The Circle
At Your Service
Com o fim do Chickenfoot, o vocalista Sammy Hagar e o baixista Michael Anthony precisavam continuar pagando as contas – a solução mais imediata que encontraram foi montar mais uma “superbanda” chamando o guitarrista Vic Johnson e o baterista Jason Bonhan. Em vez criarem novas composições, no entanto, o novo quarteto, que se batiza “The Circle”, aposta em time que já ganha há anos, e toca apenas músicas da do Van Halen da “Era Sammy Hagar” e da carreira solo do cantor e (aproveitando a presença de John na banda) alguns clássicos do Led Zeppelin. Esse álbum ao vivo de estreia seria um caça-níqueis? Certamente. E quer saber? Ficou tão bom que vale cada centavo! “Shut up and take my money!”
8º lugar:
The Sonics
This Is The Sonics
Eles já foram considerados, nos anos 60, “a banda mais tosca do planeta”. Em 2015, a banda de garage rock The Sonics, que inspirou tanta gente (de Ramones a Stooges), está de volta em um status de banda cult regravando seus grandes sucessos no álbum This Is The Sonics. Esqueça, no entanto, as tecnologias digitais de alta definição. O disco é gravado em mono, com a mesma energia que os caras levavam para os estúdio e para os palcos há 50 anos, fazendo todo mundo pular com seus refrãos chiclete e gritados e suas levadas altamente dançantes. Todas as bandas de punk rock da atualidade ainda tem muito a aprender com esses senhores…
7º lugar:
Prong
Songs From The Black Hole
Sim, o Prong também fez um álbum só de covers, interpretando bandas que foram suas influências declaradas, como Killing Joke e Bad Brains, bem como algumas coisas que fogem do estilo do grupo, como Neil Young. Trazendo tudo isso para o estilo alternativo/industrial que é o som característico do trio, cada interpretação ficou furiosa, pesada, nervosa e cheia de energia, ou seja, um álbum inspiradíssimo do Prong!
6º lugar:
Iron Maiden
The Book of Souls
Vou falar logo de cara: eu não gostei do novo álbum novo do Iron Maiden. Mesmo assim, eu ouço The Book of Souls repetidas vezes para tentar entende-lo e responder a essa fatídica pergunta: por que eu não gostei dele? Ainda não sei… Admito, no entanto, que é um álbum, no mínimo, ousado: há arranjos, harmonias e linhas melódicas que o grupo nunca havia experimentado em seus mais de 30 anos de estrada – grupo esse que, tome nota, é conhecido por ter criado uma espécie de fórmula de composição que vem seguindo desde o início (e ai deles se saírem da cartilha, pois os fãs são capazes de queimarem suas casas). Tudo isso acontece sem perderem as características sonoras que fazem o Iron Maiden ser o Iron Maiden. Só por isso, gostando ou não, este álbum merece estar em qualquer lista de melhores álbuns do ano.
5º lugar:
Queensrÿche
Condition Human
Tenho que dar o braço a torcer: a chegada do novo vocalista, Todd La Torre, deu um novo frescor à banda. Foi preciso que eles lançassem esse segundo álbum o cara para que eu superasse meu preconceito do fato de ele cantar igual ao vocalista anterior, Geoff Tate. Tirando este fator (que ainda acho um pouco estranho), fazia tempo que não via o grupo tão empolgado em um disco de estúdio, com misturas de heavy metal, hard rock e progressivo, cheio de peso e clima. Condition Human tem tudo para entrar naquela lista de obras “clássicas” da banda, ao lado de Operation: Mindcrime, Empire e Hear in the Now Frontier.
4º lugar:
Slayer
Repentless
Repentless é um disco particularmente esperado pelos fãs do Slayer por ser o primeiro depois de um período negro para a banda – como será que que eles ficariam após a morte do guitarrista Jeff Hanneman e da turbulenta saída do baterista Dave Lombardo? A resposta, com Gary “Exodus” Holt na guitarra e Paul Bostaph nas baquetas está aí: uma aula de trash metal com um álbum que soa ter saído dos primórdios dos anos 80, época em que o gênero estava nascendo e conquistando fãs com força total.
3º lugar:
The Vintage Caravan
Arrival
Esse trio da Islândia me surpreendeu com seu primeiro disco, Voyage, de 2014, trazendo um power rock ao estilo anos 60/70, com claras influências de Deep Purple e Rush em início de carreira. Arrival segue a mesma linha, mostrando um grupo mais evoluído, mais seguro para brincar com arranjos e composições, pronto para se livrar das amarras das suas influências e ter cada vez mais com uma sonoridade própria, mas sem perder essa característica de “classic rock”.
2º lugar:
Danko Jones
Fire Music
Quando você pega um álbum do Danko Jones, já sabe o que vai encontrar: rock n’ roll direto e reto, alto, barulhento, com guitarra serrilhada e letras gritadas sobre a vida “porraloca” de sexo, drogas e rock and roll, regada a muita fanfarronice. Fire Music não foge à regra, mas dessa vez, o “Mango Kid” se superou: a bolacha é tão empolgante que quase todas as músicas viciam sem enjoar. Este foi, provavelmente, o álbum que mais ouvi em 2015.
1º lugar:
Alabama Shakes
Sound & Color
Você ainda tem, como referência do Alabama Shakes, o disco Boys & Girls, de 2012? Esqueça. A banda não apenas evoluiu do primeiro para o segundo álbum: ela se reinventou. Sound & Color nos traz algo completamente diferente, mais produzido, notadamente guiado por mãos experientes no ramo da produção musical e do showbizz para dar um brilho extra – às vezes dizemos isso para mostrar que ficou artificial, mas nesse caso, foi uma influência positiva, pois esse verniz de produção serviu para trazer à tona todo o potencial criativo do quinteto de Athens – em especial o talento da vocalista Brittany Howard, que arrasa. Definitivamente a maior surpresa do ano!