Depois de seis álbuns, os fãs do Volbeat já perceberam que os dinamarqueses investem em dois tipos de composições: o primeiro é o metal rápido, com bumbos duplos de bateria, poucas notas, passagens rápidas e riffs que pegam o ouvinte de jeito, com bastante influência de Metallica e outras bandas do estilo. O tipo traz melodias típicas de pop rock dos anos 50, mas com arranjos de heavy, tornando as composições mais “retas” – em ambos, temos a voz grave e projetada do cantor/ guitarrista Michael Poulsen, como se fosse um “Elvis do Metal”.
Em 2016, a banda apresenta seu novo álbum, Seal The Deal & Let’s Boogie, e, semanas antes, um EP chamado Seal the Deal que adiantou duas músicas do lançamento principal e mais três inéditas. O álbum não é ruim, mas se eles tivessem ficado só no EP este ano, já teriam deixado muita gente feliz.
O disco começa bem com a enérgica The Devil’s Bleeding Crown, trazendo exatamente o tipo de som que queremos ouvir do Volbeat, mas esse clima sofre uma vertiginosa queda a partir da segunda faixa, trazendo um som mais pop pasteurizado sem, porém, aquele clima de anos 50 – nem mesmo a participação de Danko Jones em Black Rose tira a banda desse tanque de açúcar em que eles se enterraram na primeira metade do álbum. Se não fosse o som das guitarras que já se tornou característico da identidade musical do grupo, essas músicas poderiam ser tocadas por aquelas típicas bandas de “pop punk” pré-adolescente da Disney, já que nem a voz particular de Poulsen está tão evidenciada nessas gravações, soando mais genérica e radiofônica.
O álbum volta a melhorar lá pelo final com Seal The Deal, que já começa com Rob Caggiano “descascando” a guitarra logo no início, nos fazendo pular, bater a cabeça. A faixa, junto com a mistura de southern rock e heavy metal de Battleship Chains e The Loa’s Crossroad, que encerra os trabalhos com chave de ouro, serão obrigatórias no setlist de seus shows.
O EP Seal the Deal é um bônus desse álbum que traz concentrado em cinco músicas tudo aquilo que queríamos ouvir de Let’s Boogie. Além de adiantar as gravações de The Devil’s Bleeding Crown e Seal The Deal, ele continua com as poderosas A Moment Forever e Alienized, fechando com a divertida Broken Man and the Dawn, mais uma daquele estilo “anos 50 com peso”.
No final das contas, o Volbeat decepciona um pouco com seu novo material principal, mas o “bonus” a parte nos relembra por que gostamos tanto desse “Elvis Presley Metal”, tornando a primeira metade do álbum quase perdoável, mas não inesquecível.
Volbeat
Seal The Deal & Let’s Boogie / Seal The Deal EP
Selo/ gravadora: Vertigo/Capitol
Nota: 5