Os CDs do Foo Fighters são uma espécie de “máquina do tempo” para os roqueiros da minha geração – aqueles que foram crianças nos anos 80 e adolescentes nos 90. É incrível como cada novo álbum da banda de Dave Grohl dá vontade de voltar a ter 15 ou 16 anos e sair pulando com o resto da platéia e até mesmo dar o famoso e temido “mosh” da beira do palco antes do segurança te alcançar. Pois é assim que eu me sinto agora, enquanto ouço a primeira música do CD Wasting Light. E o resto do álbum só faz aumentar essa vontade.
Não tem como não acordar com todo pique ao som de Bridge Burning, que já apresenta a proposta do disco com uma melodia interessantemente desconexa e sem papas na língua, ou do heavy com cara de anos 80 White Limo, cheio de gritarias e sem descanso.
A ordem das faixas é estrategicamente planejada para alternar as músicas mais fortes com outras que possuem levadas mais compassadas, como Rope e Arlandria, por dois motivos: o primeiro é evitar que o ouvinte tenha um ataque cardíaco com tanta “porrada na orelha” (por mais que ele queira isso mesmo); o segundo motivo é mostrar que essas faixas são tão boas e empolgantes quanto as mais violentas.
Wasting Light ainda tem aquela “identidade musical” do Foo Fighters que deixa suas músicas reconhecíveis ao primeiro acorde – ainda assim, podemos considerar este o álbum mais maduro da banda. Depois de seis excelentes CDs, os músicos parecem ter conseguido entender que tipo de monstro eles criaram desde aquela fita demo de Grohl em 1995. Enquanto, nos trabalhos anteriores, eles simplesmente deixavam esse monstro correr solto pelo campo para barbarizar, em 2011 eles conseguiram colocar cela e rédeas nele e aprenderam a guiá-lo.
Seria Wasting Light o melhor álbum do Foo Fighters? Essa é uma pergunta injusta de se fazer e impossível de se responder. Estamos falando de uma banda que consegue fazer algo que, nos dias de hoje, é uma façanha: produzir CDs que, mesmo tendo cada um a sua identidade e características próprias, constroem um legado muito sólido e constante em termos de qualidade e proposta musical. Quem se importa se este é o melhor ou o segundo melhor ou mesmo o pior trabalho deles? Se tudo é excelente, jogue todos no seu MP3 player e saia por aí curtindo o som, batendo cabeça, gritando alto no meio da rua… Quem se importa se isso é errado ou vergonhoso? O monstro chamado Foo Fighter, com certeza, não liga pra isso.
Foo Fighters
Wasting Light
nota 8
Gravadora/ Selo: RCA
2011
Site oficial da banda