EXTRA: Verás que um filho teu não foge à luta

Leandro Bulkool e Ock-Tock reuníram-se com Vana Medeiros (Temporada de Séries, Spin-Off) em uma mesa redonda de última hora para falarem, desta vez, de um assunto diferente, mas que faz tanto barulho quanto o rock: as recentes manifestações pelas cidades brasileiras, mostrando que não é só pelos R$0,20.

Vamos dar um tempo nas guitarras para prestar atenção em um tipo diferente de som por alguns minutos: o som da gritaria do povo. Vocês estão convidados a participar desta conversa!

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0 comentários em “EXTRA: Verás que um filho teu não foge à luta

  1. Paulo Marzionna Responder

    Vou aqui reproduzir o que escrevi após as manifestações de segunda-feira. Desculpem por não redigir um novo texto, mas, de fato, as últimas 30 horas não foram capazes de mudar muito minha opinião. Pelo contrário, reforçaram meu desejo de não ir para a rua.
    Se você estiver sem paciência de ler o texto todo, este Tweet de @fernandopandre resume um pouco o que sinto: “Eu não vou pra 1 multidão sabendo q lá minha voz individual vai se perder e sem saber qual a “voz” dessa massa. Porém apenas minha opinião.”
    Em suma, não quero emprestar minha voz para dar suporte a bandeiras em que não acredito (no caso, o MPL, mas também diversos dos outros pedidos que entraram na salada que se tornou a manifestação, com ou sem vinagre).
    Reforço que estou morando fora do País, numa cidade com pouca concentração de Brasileiros, e reconheço que isso talvez afete minha percepção sobre o que está a ocorrer e a criação de um vínculo emocional com aquilo que toma as ruas neste momento.

    Abaixo, minha opinião em mais de 140 caracteres:

    Do porque eu não vou às ruas

    Deixem-me começar dizendo que acompanhei pela internet minuto-a-minuto a cobertura dos protestos de hoje (17/jun), seja pelos sites de notícia, grandes portais, ou pelas informações de amigos e conhecidos no Facebook ou Twitter. Lindo. Emocionante. Motivo de orgulho. E tudo mais que vocês que lá estiveram podem descrever melhor.

    Eu, no entanto, não vou para as ruas. Primeiro, porque não estou em São Paulo, nem sequer em uma cidade com manifestação programada (coisas da vida em Ithaca [norte do estado de NY]…). Mas, principalmente, porque, pessoalmente, não acredito em movimento sem reivindicação concreta.

    É evidente que eu quero um país mais justo, que eu quero menos corrupção, um judiciário mais célere (esse não entrou na pauta de ninguém, pelo visto), transporte público de melhor qualidade, melhor distribuição de renda, etc. Todos querem isso. Eu, você e o Pedro Bial (que também quer mais protetor solar).

    Eu sei que “não é pelos 20 centavos”. Mas vocês sabem que, no fundo, também é pelos 20 centavos. Porque se não for, a tarifa pode baixar e os protestos não podem parar. Se for sobre educação, me digam o que exatamente estamos pedindo, pelo que estamos lutando, e me junto a vocês até conseguirmos isso. E o mesmo vale para corrupção, saúde, etc.

    Como já disse minha amiga Stephanie, uma reivindicação concreta é essencial para que as pessoas possam se posicionar contra ou a favor. Em 84 eles queriam eleições diretas, em 92 eles queriam o impeachment do presidente. Em 2013, o que queremos?

    A única reivindicação concreta é do MPL, que, afinal de contas, é quem originou todo esse movimento. Eles querem redução da tarifa para R$3,00, e transporte público gratuito no longo prazo. Eu quero transporte público de qualidade gratuito universal? É evidente que eu quero. Eu acho que isso é possível. Não. Acho que ônibus a R$3,00 é melhor que ônibus a R$3,20? Evidentemente, sim. Tenho dados para acreditar que isso é possível sem o comprometimento do orçamento de outras áreas que posso reputar mais importante? Não. Fui convencido pelos argumentos do MPL? Não.

    Por esses motivos, hoje não sairia às ruas em São Paulo, ainda que aí estivesse. Não acredito na única reivindicação concreta (a redução da tarifa e o transporte gratuito no longo prazo), e não acredito que movimentos de indignação sem pauta definida são capazes de gerar as mudanças que eles buscam.

    Mas, acima de tudo, se você acredita na pauta do MPL, ou acredita no poder da manifestação popular, ainda que sem reivindicações, eu entendo que você tem é mais que ir para a rua e se fazer ouvir, assim como eu vou querer me fazer ouvir quando me identificar com a reivindicação. Que tomem as ruas, como hoje tomaram, mostrando ao mundo, aos governantes e aos seus pares sua insatisfação. E que também respeitem as manifestações que ‘não te dizem respeito’, seja a vaia ao seu candidato em um estádio de futebol, ou a greve de professores da rede pública de ensino que atrapalha sua locomoção do trabalho até sua casa. Afinal, isso é democracia. Ou ao menos, isso é o que entendo por democracia.

    No mais, se as manifestações de hoje me fazem crer que um futuro melhor está por vir, acredito que só o alcançaremos quando conseguirmos dar um passo além na discussão de propostas para os problemas que nos afligem. Hoje, muitas vezes sinto-me de volta às discussões da sétima série, em que um lado ‘acusa’ o outro de comunista, enquanto o outro responde com reaça ou fascista, seja lá o que efetivamente queiram dizer com isso. Se as manifestações de hoje mostraram que sabemos reclamar e demonstrar em voz alta nossa insatisfação, em breve chegará a hora de mostrar que também sabemos discutir ideias e elaborar propostas e soluções.

    Por fim, devo confessar que me senti receoso de escrever qualquer coisa nos últimos dias. Desde a última semana, sentindo o ‘calor’ à distância, apenas pelas redes sociais, temi que pudesse ser taxado de ‘fascista’ por não concordar com as reivindicações do MPL, e que até conseguir explicar que isso não significa ser contra as manifestações poderia ser tarde demais. Mas ao ver, ainda que de longe, amigos se sentindo cidadãos mais completos por tomarem parte nos últimos eventos, por defenderem fervorosamente aquilo que acreditam, passei a acreditar que talvez eu devesse também expor sem medo a minha opinião sobre os eventos.

    Aos amigos que hoje estão lutando por aquilo que acreditam: sinto orgulho de ser amigo de vocês. A todos, inclusive aos que não se sentem representados pelo movimento que tomou as ruas: já mostramos que somos capazes de nos indignar – vamos agora mostrar que também somos capazes de debater ideias e propostas. Se usamos ‘fascista’ ou ‘comunista’ para resumir nossos argumentos ou fazê-los caber em 140 caracteres, talvez seja hora de deixar a preguiça do debate de lado e mudar o local de discussão.

    • Bruno Gunter Responder

      Então mantenha-se estagnado em sua bolha de isolamento meu caro. Mesmo os contrários precisam ter voz.

      Um abraço!

    • Andre VH Responder

      Cara, tem tanta coisa errada que realmente num primeiro momento a coisa ficou perdida mas aos poucos está tomando foco. Só que REALMENTE tem muita coisa que simplesmente não pode ser deixada de lado. E as manifestações estão se dividindo.

      No último sábado houve na Avenida Paulista uma manifestação contra a Pec 37. Na sexta houve no mesmo local uma passeata contra a “cura gay” aprovada na comissão de direitos humnanos, presidida pelo Pr. Feliciano que sofre acusações de homofobia e fez e muito por merecê-las aliás.

      Aí fica a grande questão: Se abraçamos todas as causas perdemos foco, se nos concentramos em algo coisas importantes ficam de fora. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. E a culpa é nossa que demoramos demais pra acordar e deixamos tudo chegar nesse ponto.

      Na minha opinião é necessário abraçar várias causas mas não ao mesmo tempo. Têm que se definir prioridades porém ainda falta uma liderança sólida e este é o ponto fraco. Ainda assim o que está acontecendo vale como uma demonstração de força popular que jamais aconteceria se estas pessoas apenas ficassem aguardando a definição da pauta.

  2. Thiago Borba Responder

    Em 2006 quando um menino de 16 anos colocou um revolver na minha cabeça e levou meu carro que suei para comprar, me senti apedrejado,foi literalmente ou como se este “menino” me desse um soco na cara, também em 2006 ACM em entrevista a Maria Gabriela, disse que seus amigos botam pra fora do congresso qualquer um que se acha honesto, são dois exemplos…o menino foi solto e acm está morto, mas minha vingança chegou. Sou a favor da manifestação “sem violência”, mas COM VANDALISMO contra todo e qualquer bem de políticos, banqueiros e organizações criminosas e corruptas. Ah… a manifestação em questão realmente tem propósitos dispersos, que aos poucos vão se definindo… sem pressa!!! mas acredito que trata-se de um só propósito “RE-VO-LU-ÇÃO” na cultura, política, educação e condição social no BRASIL

    • Bruno Gunter Responder

      Estar revoltado não é sinônimo de ser revoltado. Espero que a linha tênue não o deixe Thiago.

  3. Almighty Responder

    Este foi o verdadeiro “primeiro passo”. Os objetivos podem estar um tanto difusos, mas acho que estas manifestações servirão para nos ensinar a fazer protestos. Vai nos ensinar a ir pras ruas. Essa foi a maior vitória de tudo isso. E também torço para que não seja um mero fogo de palha. Que os protestos continuem incessantes pelos próximos dias, meses, anos.
    E parabéns pelo podcast, foi de última hora, mas bem relevante.

  4. Pingback:Coletânea Podcast: Protestos | Telhacast

  5. QUEIROZ Responder

    Abaixo a sintese da minha opinião após essa semana tão diferente na história de nós brasileiros, cariocas e afins, e soube agora desse podcast extra, ainda estando nos 15min. do podcast, e apesar de papo ser sério, me divertindo com o papo de vocês(fim do Faustão é ótimo, he,he), enfim, discordem, concordem, compartilhem, e até me xinguem, mas não ignorem, quero ouvir o reply no próximo leitura de comentário.

    “Uma das coisas que mais me preocupa nesse #VemPraRua: A tendencia ao Apartidarismo. Que péssimo para democracia. Voto é Importante.

    É inédito no Brasil algo assim, e talvez no mundo, algo tão coletivo.

    Atacar coisas especificas como aumento de passagens, falta de leitos em hospitais e a Pec.37, traçam metas nos protestos.

    Dar uma pausa nas passeatas não significaria desistir, e momentos chaves como a Pec37 voltava todos para dizer NÃO, isso se chama estratégia. já foi provado que o Brasil se importa, a Rio Branco e Presidente Vargas, BH, Brasília, MG, são a prova.

    Quem trabalha fica olhando para o relógio preocupado em parar as 17hs, porque sabe que as 18 começa, fode a rotina de todos.

    O clima meio- apocalíptico tb me deixa bolado, esses saques e tudo mais, faz todo mundo ficar apreensivo no dia a dia.

    Seria necessário um debate para ver o que Dilma fez de positivo também e tudo o que falta que o povo tá pedindo. A ira não leva a nada.

    Enfim, muitos pensamentos, mas por fim que bom que o vandalismo é de uma minoria, e que estudantes e aposentados e outros apontam as várias coisas que querem que mude, em seus cartazes e tomara que o rumo seja positivo, e não esses rumores de “Golpe de Direita” que uns tem temidos, e outros Pts chiitas tem apontado.

    VIVA O BRASIL!!”

    Valeu Vana, Ock e Leandro

    • ocktock Autor do artigoResponder

      Cara, vc nunca é ignorado aqui, mas a leitura de emails já foi gravada (o FUSION entra no ar daqui a pouco). Mesmo assim, fiquei feliz em ver o seu retorno e o de todos que aqui comentaram. Valeu mesmo!

    • QUEIROZ Responder

      Obrigado OckTock, eu já imaginava que o de hoje não daria para ncluir meu comentário, mas no próximo Fusion gostaria até que se quisessem rebatessem algo que disse, pois como diz o Lobão o bom é conviver em paz com as discordancias de opinião.

      Gostei do debate do Papo de Gordo e Rapaducast, vê o lado da polícia também e da própria Rede Globo. E 1:47 é dito o que sinto. http://migre.me/f9AUo

      Valeu

      • QUEIROZ Responder

        E usando uma referencia ao filme que inspirou esse podcast, quando vi aquele Chaos no centro do Rio, me senti no Brasil 2013 alternativo do Biff Tannen. =(

        • QUEIROZ Responder

          Um movivemento popular nunca deve ficar estagnado a uma classe social, e hoje vi algo positivo, que foi a galera da favela da Rocinha reforçando a ideia das passeatas indo caminhar pacificamente, e quando questionados pelos reporteres com argumentos realmente relevantes, tendo como principal incentivo abrir mão da construção do teleférico na favela, e pedindo investimento em saneamento básico, pavimentação, saúde, escola, acho que apesar de muitas vezes resultar em coisas negativas como foi a destruição por vandalos do comércio aqui do Rio, e ontem lá em porto alegre, acho que o povo pode conseguir aos poucos o que reivindica. O problema é a repressão a tais movimentos populares, mas aí é outra pauta.

  6. Andre VH Responder

    Só vi agora que saiu esse especial. Essa semana tudo virou de cabeça pra baixo e nem o máquina eu ouvi. Manifestações na porta do trabalho, noticiários o tempo todo (curioso como o tom dos noticiários mudaram ao longo da semana não acham? Arnaldo Jabor que o diga) e ruas lotadas. Participei das manifestações apenas em um dia porém tenho certeza que não acabaram e ainda vou dar minha contribuição.

    Vi muita gente criticando o apartidarismo das manifestações mas eu vejo de um modo diferente. Não sou a favor da extinção dos partidos políticos mas eles não têm lugar nesse movimento porque a carapuça jogada cabe em TODOS os partidos. Este é um recado da população para toda a classe política sem excessões e por isso não cabe a nenhum partido levantar bandeiras, se o fez é porque não entendeu o real motivo da indignação popular ou simplesmente está atrás de marketing para si.

    Resta aos partidos e políticos que são simpáticos à causa dar sua contribuição dentro das prefeituras, câmaras, congresso e onde quer que eles estejam. Provem que representam o povo lá dentro e aí, com certeza serão bem vindos novamente.

  7. Carlos A R Oliveira Responder

    Por favor leiam esta ideia e repassem á frente.

    Não temos outra saída, se não, impor que o Congresso Nacional e Senado sejam desfeitos, vou explicar.
    Nesta era de comunicação fácil, diga-se, acesso á internet, não precisamos mais do molde antigo de política que ainda utilizamos, ou seja, na era da energia nuclear utilizar casso movido a vapor é um atraso total. Desta forma, por qual motivo ainda utilizamos as pessoas dos senadores e Deputados para nos “representar” ??? Ou seja, não mais justifica termos representantes, e se podemos nós mesmo votar o que nosso estado e país precisam por que depender de pessoas corruptas, basta-nos uma reforma política em que o povo passe a votar na aprovação das leis e outras coisas mais pela internet em site governamental, assim, tiramos o poder excessivo dos Senadores e Deputados, que devem ser concursados só coma a função de apresentar propostas e sem superpoderes, e desta forma cortamos a cabeça da oportunidade de corrupção ativa e passiva desta nação, ao menos, iremos desarticular partidos e grupos que estão expoliando nosso país.
    Estou aberto a maiores explicações sobre esta ideia.

  8. Erick Santos Responder

    Não tenho muito o que falar ou escrever, deixarei a música falar por mim. Música esta apresentada por vocês no Rock Independente 3: ZAZ – Aux détenteurs (Para Portadores).
    Em especial destaco (edito):”
    A l’heure où mon esprit me parle – Numa época em que minha mente me diz
    D’une inconscience organisée – Na inconsciência organizado
    Par ceux qui dirigent les quidams – Para aqueles que dirigem os ninguéns
    Et l’monopole à l’élite – E o monopólio da elite
    Aux détenteurs de la vérité, – Os detentores da verdade,
    J’aimerais que ma conscience m’épargne – Eu quero minhas economias consciência
    La douleur de l’humanité – A dor da humanidade
    Qui démocratise la bêtise – Isso democratiza a estupidez
    Trop d’écrans morbides qui munissent – Telas de muitos que fornecem com mórbida
    Des émois face aux corps qui gisent – O corpo a lidar com as emoções que se encontram
    Car l’univers est malmené – Para o universo é maltratado
    A l’heure où nos vies suivent les rails – Num momento em que nossas vidas seguir os trilhos
    Des lendemains traumatisés – Amanhãs traumatizada
    Où nos enfants naissent dans la hargne – Quando nossos filhos nascem na agressividade
    D’une vengeance dogmatisée – Em vingança dogmatizada
    Où les cendres semblent logiques – Onde as cinzas parece lógico
    Et des zaps rendent mécanique – E zaps fazer mecânico
    Où l’art de pendre est classique – Onde pendurar a arte é clássico
    Et prendre les armes, rhétorique – E pegar em armas, a retórica
    Mais je sais – Mas eu sei
    Que tout ça va changer – Que tudo isso vai mudar

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