Chickenfoot mata a saudade dos fãs com seu “Best + Live”

Coletâneas são sempre uma faca de dois gumes: algumas podem valer muito a pena para apresentar o artista para novos fãs em potencial com todos os hits em um único título, mas outras podem ser apenas caça-níqueis sem importância alguma – ainda mais quando a banda ou artista em questão só possui dois álbuns de estúdio na carreira. Mesmo assim, o Chickenfoot conseguiu injetar algum (pouco) valor em seu Best + Live.

O “supergrupo” formado por Sammy Hagar (vocal), Michael Anthony (baixo), Joe Satriani (guitarra) e Chad Smith (bateria) encerrou extraoficialmente as atividades por volta de 2013, principalmente por causa das baixas vendas de seu último álbum de estúdio, Chickenfoot III, mas, nos últimos meses, os caras parecem estar se juntando de novo para tocarem juntos e até saiu uma música nova, Divine Termination, que abre a coletânea.

O fato de Best + Live ser lançada em forma de álbum duplo ajuda a separar bem as duas metades do trabalho, que são bem distintas: o primeiro disco abre com a excelente faixa inédita que já enche os corações dos fãs de esperança, seguida dos hits que a banda compôs em seus dois álbuns de estúdio. Sexy Little Thing, Different Devil, Oh Yeah, Get It Up, Lighten Up… Está tudo lá: hard rock de primeiríssima qualidade que já não é novidade alguma para quem acompanhou a carreira do grupo entre 2009 e 2012, mas tudo isso junto em uma única bolacha ou playlist de seu serviço de streaming favorito é receita certa para conquistar os que ainda não foram atingidos pelo quarteto californiano. De quebra, o CD termina com três covers ao vivo simplesmente matadoras: Highway Star, do Deep Purple (essa, você também encontra no álbum-tributo Re-Machined: A Tribute To Deep Purple’s Machine Head), Bad Motor Scooter, do Montrose (banda da qual Hagar fez parte nos anos 70) e My Generation, do The Who.

O segundo CD traz uma apresentação da banda em Phoenix, no ano de 2009, quando apresentavam seu CD de estreia ao público. Como, na época, este era o único trabalho do grupo lançado, as músicas deste primeiro disco eram, também, todo o repertório principal dos caras, mas logo em Avenida Revolution, que abre a noite, e em faixas como My Kinda Girl e Down the Drain, percebemos que isso não é problema para quem já está na estrada há tanto quanto Sammy, Mike, Joe e Chad. Em poucos minutos eles já conquistaram a plateia com uma energia que é captada até por quem está ouvindo a gravação do show, sem ter estado lá.

Best + Live é, sim, uma coletânea do tipo “caça-níqueis” que entoa um fraco “canto de sereia” aos ouvidos dos fãs enquanto oferece uma faixa inédita e um álbum ao vivo em venda casada com uma coletânea desnecessária. Talvez esse pacote fosse capaz de enganar os fãs se fosse oferecido nos anos 90 ou início dos anos 2000, e não em pleno primeiro semestre de 2017, quando a principal plataforma para ouvir esse tipo de som são serviços de streaming, tornando a estratégia, no fim das contas, irrelevante. A coletânea, no entanto, ainda é divertida e, como uma espécie de “curadoria”, pode ser uma excelente porta de entrada para conquistar novos fãs e, consequentemente, fazer com que os quatro músicos se empolguem em voltar aos trabalhos.

Chickenfoot
Best + Live
Gravadora/ selo: eOne Music
2017
Nota: 5

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