O mundo do rock vem experimentando um sentimento de perda contínua nos últimos meses, pois vários artistas/ bandas estão anunciando (ou quase) o fim de suas atividades. Vamos recapitular?
- O Black Sabbath está, neste momento, fazendo os fãs baterem cabeça pela última vez com sua Farewell Tour.
- A situação atual do Rush é incerta, mas o trio já anunciou que não fará mais turnês mundiais e, se depender do baterista Neil Peart, que já se declarou aposentado à imprensa, Clockwork Angels será o último álbum de estúdio da banda.
- Outra banda que está com a situação incerta é o AC/DC, que não anunciou encerramento das atividades, mas o guitarrista Angus Young já falou que, depois que forem feitos os shows com Axl Rose como vocalista convidado no lugar de Brian Johnson (entre outros que podem ser escalados ao longo dos próximos meses), seus integrantes se sentarão para debater o futuro da banda.
- De acordo com Steven Tyler, o Aerosmith poderá, provavelmente, fazer sua turnê de despedida no ano que vem.
- Recentemente, David Coverdale anunciou que pretende se aposentar em 2017. Sua última missão será celebrar os 30 anos do álbum autointitulado do Whitesnake, de 1987 – um dos mais bem sucedidos da história do hard rock.
O que fazer agora? Se jogar da ponte? Se banhar de gasolina e acender o Zippo? “Beber até morrer, essa é a solução”? Afinal, provavelmente, nunca mais teremos novos álbuns dessas bandas ou poderemos vê-los ao vivo de novo…
Que tal fazer como o desenho da Disney e, simplesmente, Let It Go?
Não me leve a mal, eu adoro todas as bandas listadas acima (quem me conhece pessoalmente sabe o quão “rushmaníaco” eu sou), mas temos que deixar de ser egoístas e lembrar de que esses caras também são pessoas que, como tais, também tem o direito de se cansar de fazer a mesma coisa há 30, 40 ou 50 anos, mesmo que essa coisa seja o viciante rock n’ roll que escutamos hoje. Tenha em mente que, a partir do momento que essas pessoas transformaram a sua paixão em ocupação, tocar em uma gigantesca banda de rock, sonho de 11 a cada 10 fãs do estilo rebelde de música, tornou-se uma profissão, um emprego e, como tal, eles também têm direito de se aposentar – você, que trabalha em outra área diferente da arte, não tem?
Ok, você já ouviu esse papo de aposentadoria antes de outras bandas que continuam na ativa mesmo após terem anunciado que iam parar – Scorpions, Judas Priest e o próprio Ozzy, que já havia dito isso em sua carreira solo, são exemplos de quem não aguentaram ficar quietos em suas casas, apenas aproveitando os “louros” de seus grandes sucessos, mas essas foram decisões deles, bem como foram suas as de se aposentarem em primeiro lugar. Sinceramente, se eles tivessem realmente parado de vez no momento em que anunciaram suas despedidas dos palcos, teriam sido grandes encerramentos (como ainda podem ser quando resolverem parar de vez pra valer).
Essas bandas merecem um encerramento digno de suas carreiras se assim sentirem que está na hora. Um último disco incrível, uma turnê de despedida para dar “tchau” aos fãs de perto, que renderá um CD/DVD ao vivo que será um belo souvenir deste momento… Dizer adeus apropriadamente é melhor para eles (e para os fãs) do que espremê-los até não aguentarem mais, resultando em últimos trabalhos fracos, insossos, repetitivos e sem gás até que um integrante chave finalmente não aguente mais e morra no palco por puro desgaste. Se, depois de alguns anos, os caras sentirem saudade dos palcos e reencontrarem esse gás perdido, ótimo, mas, mais uma vez: é uma escolha dos artistas/bandas, e deles apenas. Cabe a nós apenas respeitar.
Sejamos bons fãs dos artistas que adoramos: nada de chorar ou se espernear como uma criança de três anos, dizendo que se eles pararem mesmo você vai prender a respiração até ficar roxo e só vai soltar o ar quando eles pararem com essa palhaçada e, muito menos, atacá-los dizendo “já estava na hora, eles não fazem nada que preste desde mil novecentos e Blackmore no Purple”. Isso é feio. Muito feio.
Particularmente, se minha banda preferida resolver realmente parar hoje, depois de 40 anos de atividade, vou achar ótimo. Digo isso porque acho que os últimos trabalhos não me agradaram? Pelo contrário! Esses canadenses estão, na minha opinião pessoal e particular, na melhor fase de suas carreiras e, se resolverem pendurar as guitarras, baixos e baquetas agora, será uma despedida épica, bem do jeito que merecem em função de tudo que conquistaram. Assim é com todas as outras bandas que tomarem a mesma decisão. De mim, esses caras só ouvirão um “Muito obrigado por tudo que vocês me proporcionaram. Suas músicas estiveram ao meu lado em incontáveis momentos de minha vida e nunca seria capaz de retribuir isso. Caso voltem, serão sempre bem vindos ao meu aparelho de som, mas caso isso não aconteça, WE SALUTE YOU!”
E você? Como quer se despedir de sua banda favorita?